Ann Yeti e o enlace com as palavras

Escrever - Palavra de Autor - Entrevista a Ann Yeti

O enlace com as palavras sempre existiu. Talvez por isso não tenha hábitos regulares de escrita. Ainda assim, confessa ter sido apanhada de surpresa pela pulsão de escrever uma obra. Encontra inspiração no sentir intenso e os seus livros têm um único propósito, o de entreter. Ela conta-vos tudo: Ann Yeti.

 

O que lhe deu vontade de escrever livros? 

Sempre gostei de palavras!

De brincar com as palavras, de jogar com o significado das palavras, de entrelaçá-las de forma harmoniosa. Desde muito nova que fui acumulando na gaveta um pequeno espólio de textos, algumas incursões pela poesia, enfim, coisas diversas. Mas esta pulsão para escrever uma obra mais completa é relativamente recente e apanhou-me de surpresa, bem como a vontade irreprimível de a dar à luz.

Onde encontra a inspiração? 

Tenho encontrado inspiração em todas as coisas que me fazem sentir com mais intensidade, como a música, por exemplo (o meu primeiro livro tem uma Página no Facebook com a “banda sonora” do livro). Mas também em sonhos… Como escreveu Alan Dean Foster: “No one understands the lonely perfection of my dreams.” (Ninguém entende quão perfeitos são os meus sonhos solitários).

O que retratam os seus livros?

Os meus livros não têm a pretensão de abordar temas profundos ou fraturantes. São obras de entretenimento, relativamente curtas.

O primeiro livro, Um Fio de Sangue, é uma novela com pouco mais de 100 páginas.

O segundo, Um Pingo na Água, já é um pequeno romance. São histórias de amor e retratam, essencialmente, sentimentos, emoções, sensações.  

 

Hábitos de escrita: Onde escreve? Em que momento do dia? Quanto tempo dedica à sua escrita? 

Não tenho hábitos regulares de escrita.

Quando escrevo, entro numa espécie de túnel mental e alheio-me de tudo o resto.

Por vezes nem me dou conta de como cheguei a determinada cena ou personagem. E “escrevo” muito à noite, mas mentalmente!

As palavras surgem-me como luzes de néon na escuridão e no dia seguinte labuto para transpô-las para o papel com a maior exatidão possível. A insónia é a grande companheira da minha inspiração.

Improvisa à medida que escreve ou conhece o fim antes de escrever?

O fim antes de tudo!

E o título, o título é uma espécie de farol na escuridão das ideias por nascer.

Tenho de saber como a história vai acabar e como lhe vou chamar antes de começar a desenvolver os personagens. Posso dizer-lhe que o livro em que estou a trabalhar atualmente, e que vai ser uma obra maior e mais complexa, já tem os primeiros capítulos prontos e… a última página! Depois de terminar a primeira composição, é preciso rever e rever e rever; aperfeiçoar umas coisas, aprimorar outras, e voltar a rever! Mas as primeiras palavras, quando se abre o livro, também são importantes, são o que pode cativar o leitor logo à partida.

Por exemplo, “Um Fio de Sangue” começa assim:

“Toda a gente tem segredos. Pequenos segredos, grandes segredos, pensamentos escondidos, idiossincrasias. Coisas que nos embaraçam ou envergonham, ou que, simplesmente, não conseguimos justificar a nós próprios. Joana tinha o seu: estava, há cinco meses, perdidamente apaixonada por um homem que não conhecia.”

Curiosos?

Qual é o seu livro preferido?

Livros preferidos foram vários ao longo dos anos, consoante a idade e o estado de espírito em que me encontrava. Na adolescência, os  livros de Somerset Maugham – O Fio da Navalha e Servidão Humana – marcaram-me bastante. Mais recentemente, tive uma paixão literária pela Isabel Allende: Casa dos Espíritos, Filha da Fortuna e Retrato a Sépia. 

Uma breve mensagem de incentivo para quem gosta de escrever 

A minha mensagem de incentivo é: esforcem-se por escrever o melhor possível. Não basta ter boas ideias, é preciso saber exprimi-las, dominar a sintaxe, a ortografia e a pontuação. Infelizmente, as editoras de primeira linha apostam pouco em novos autores portugueses e as outras apostam pouco em trabalhos de edição/revisão com qualidade. 

Muito obrigada, Ann Yeti.

 

Apesar de uma presença muito residual pelas redes sociais, deixo-vos os links para seguirmos o trabalho desta autora:

Instagram: @ann.yeti

Facebook: Ann Yeti

Entrevista a Ann Yeti
Um Pingo na Água de Ann Yeti

 

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