Por entre a História e as histórias, foi na descoberta da poesia que encontrou a sua voz. O primeiro amor marcou-lhe a vida e impulsionou-lhe a escrita. Vamos conhecer o autor Bruno Pereira!
O que lhe deu vontade de escrever livros?
Desde bastante novo que gosto de escrever.
Eu lembro-me, por exemplo, de quando estudava História tentar criar outras versões daquelas histórias que lia ou, quando estudava Geografia, olhar para o nome de um local e tentar criar a história que dava origem àquele nome.
Depois, mais tarde, acabei por descobrir a poesia como uma boa forma de exprimir sentimentos e surgiu a oportunidade de editar.
Onde encontra inspiração?
Em tudo, mas principalmente no amor.
Não posso negar que, para a poesia, é o meu tema principal, aliás, acho que são dois: o amor e o tempo. Mas se falar das outras vertentes, por exemplo, escrever literatura fantástica não é fácil dizer onde me inspiro, gosto de criar mundos novos, dá-me liberdade para muita coisa. Também investigo e estudo coisas que possam funcionar naquele mundo, mas eu tento criar sempre uma base.
O que retrata(m) o(s) seu(s) livro(s)?
Como disse antes acho que, nos de poesia e textos curtos, os temas do amor e do tempo estão, lá, bem marcados. Mas, também, falo da amizade, da família, de muita coisa.
São temas com os quais muita gente se identifica e sinto que a mensagem do meu último livro tem chegado às pessoas e, para mim, é isso que vale a pena.
Que eventos da sua vida o marcaram e, por consequência, se refletem no que escreve?
Para o início do percurso, sem dúvida foi o primeiro amor.
Foi muito emocional e pouco racional. Na altura entreguei-lhe um caderno de poemas só para ela. Já não me recordo mas devia ter uns dezoito ou dezanove anos. Depois, há sempre coisas mais positivas ou mais negativas que eu vou transportando para os livros, tenho dedicatórias a pessoas que foram muito importantes na minha vida: os meus avós.
Hábitos de escrita: Onde escreve? Em que momento do dia? Quanto tempo dedica à escrita?
Eu escrevo quase sempre em casa mas, também, consigo escrever em outros locais.
Tenho um livro lançado em 2009 que foi escrito, na sua maior parte, em um pequeno restaurante durante o inverno enquanto me sentava perto da lareira.
Ainda não tenho aquele espaço a que possa chamar “o meu escritório”. Sobre o momento do dia, eu escrevo mais à noite, por causa do meu trabalho, mas ao fim de semana também posso passar dias inteiros a escrever se tiver numa altura de mais inspiração. Tem fases em que dedico muito tempo à escrita e outras que nem tanto, por exemplo no primeiro confinamento consegui escrever muito mais que neste segundo confinamento.
Improvisa à medida que escreve ou conhece o fim antes de escrever?
Poesia e textos curtos é tudo inspiração. Sobre literatura fantástica, como diz a Cátia Grenho, uma escritora fantástica cujo entusiasmo acaba por motivar os outros para a “luta” que é a de escrever livros, eu sou um plantser e combino as duas fórmulas, ou seja, eu tenho uma ideia geral, sei onde começo e onde quero chegar, mas, a verdade é que, pelo meio, há muitas ideias que mudam e até, muitas vezes, o próprio final acaba por ter de mudar derivado ao que foi acontecendo.
Por exemplo, ontem durante a noite pensei em duas alterações significativas para a história que estou a escrever. Já anotei hoje e já sei que muita coisa vai ter que mudar por causa destas duas situações.
Qual é o seu livro preferido?
Não consigo dizer. Eu adoro ler Charles Burowski, pela forma fria com ele escreve. Dos meus favoritos posso indicar A Quinta dos Animais (também conhecido como o Triunfo dos Porcos) e o livro incrível de Sándor Márai, As Velas Ardem Até ao Fim. No ano passado li A Máquina de Fazer Espanhóis do Valter Hugo Mãe. Posso dizer que me marcou.
E, por fim, uma breve mensagem de incentivo para quem gosta de escrever e pretende publicar.
Não desistir e não pensar no sucesso imediato, é um caminho com obstáculos, mas que vale a pena.
Não aceitar o primeiro contrato que aparece porque as nossas palavras têm valor e temos que acreditar nisso, em nós, temos que ser os primeiros.
E temos muitos momentos de dúvida. Eu tenho, mas é normal. É preciso continuar porque se há algo que posso afirmar é que sem trabalho não chegamos lá. E ler. Quem escreve tem que ler bastante, já vi opiniões divergentes mas para mim tem de ser, ler é como se fosse uma parte do nosso treino e ajuda-nos em muitas coisas como enriquecer o vocabulário.
Muito obrigada, Bruno!
Para acompanharmos o trabalho do autor Bruno Pereira:
IG: @brunomvpereira