Pela raíz

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Já repararam  que não tenho publicado notícias da horta ?

Desenganem-se os que pensam que estou distraída… Nada é ao acaso e este meu silêncio tem uma forte razão de ser.

Há uns anos atrás o meu sogro pediu autorização para ocupar uma parcela dum terreno quase abandonado mesmo em frente a casa. O pedido foi-lhe simpaticamente cedido tendo em conta que não existiam, da parte do proprietário, intenções de tirar maior proveito deste pedaço de terra. Há menos tempo ainda, o meu marido resolveu juntar-se ao pai e tomar conta da horta. Para além do gozo que dava semear, plantar e regar, as colheitas foram sempre saborosas. Não sei como vos traduzir o luxo de decidir fazer uma salada para o almoço e simplesmente descer as escadas e apanhar alface, tomate, beterraba, pepino, pimentos, entre outros alimentos frescos. Isto é São Pedro do Estoril, não uma zona rural!

Mas este luxo foi sol de pouca dura. No verão passado, ao regressarmos de umas inesquecíveis férias, recebemos a triste notícia de que teríamos um mês para nos desfazermos das culturas. O terreno iria ser vedado e a horta deixaria de existir. Incrédulos questionámos o porquê da necessidade de isolarem o terreno. Uma vez mais, não foram apontadas intenções de maior aproveitamento desta fértil terra. A razão que nos foi transmitida é a de que os sócios discordam quanto a esta cedência e corta-se assim o mal pela raíz. E foi exactamente o que fizemos a tudo o que tínhamos plantado e não conseguimos consumir nesse espaço de tempo.

Passados seis meses, hoje, as hortas foram efectivamente destruídas ( existiam mais duas ou três), mas o terreno continua de braços abertos a todos os que quiserem passear os cães ou simplesmente estacionar os carros.
O ter procrastinado a escrita deste texto foi por precisamente ainda não ter digerido este episódio. É certo que o terreno não é nosso, mas estávamos a saber usá-lo melhor do que os seus proprietários e sem incomodar ninguém. Enfim! A proximidade da horta com a minha casa foi sempre um aspecto muito positivo, mas hoje, é o lembrete constante do quão estúpido, nós, seres humanos, conseguimos ser.

Vejam a horta agora:

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