Começou por se apaixonar pelo objecto livro, desde a textura ao odor, para depois se perder pelos mundos que cada um descrevia. Hoje, um livro é tudo isso e muito mais. É, também, um veículo que concretiza o desejo de querer sensibilizar. Vamos conhecer a jovem autora portuguesa Carina Romano.
O que lhe deu vontade de escrever livros?
Desde pequena que os meus olhos se enchiam de luz quando alguém me oferecia um livro.
Começava por admirar a capa e o cheiro das folhas e depois perdia-me na criação de cenários durante a leitura. Sempre senti magia na leitura e na escrita e, mais tarde, já com a capacidade de raciocínio mais desenvolvida, comecei a fazer poemas, a escrever narrativas, a inventar diálogos. Tudo e mais alguma coisa! Gostava, sempre, da sensação. No entanto, aquilo que realmente me fez ficar com água na boca para escrever o meu primeiro livro foi a liberdade de passar mensagens aos(às) leitores(as). A partilha de cenários reais! Os livros são muito poderosos. Podemos passar mensagens pertinentes através deles, algo que me fascina.
Onde encontra inspiração?
A minha vida é uma inspiração.
A vida daqueles(as) que me são próximos(as) é uma inspiração. As minhas inquietações e inseguranças são fontes de inspiração. Através da escrita conseguimos, muitas vezes, chegar a conclusões que, de outra forma, não chegaríamos. Conseguimos arranjar soluções. Gosto muito das palavras, de encontrar a palavra certa para um determinado contexto, de suscitar emoções no(a) outro(a) e de receber feedback. Só assim crescemos e nos desenvolvemos. Vá, um espaço confortável, que nos faça sentir à vontade, também é um fator essencial para a escrita. Pelo menos, na minha perspetiva. Gosto muito do espaço que criei em minha casa para dedicar-me à escrita.
O que retrata(m) o(s) seu(s) livro(s)?
O meu primeiro livro, a “Valentina” fala-nos, essencialmente, de questões que, de alguma forma, já todos(as) ouvimos falar. Ou porque já passámos por situações idênticas, ou porque já alguém próximo(a) ou distante passou por algo do género, ou porque são questões abordadas nos meios de comunicação social.
Neste primeiro livro, porque já estou a escrever o segundo, e será completamente diferente, debrucei-me sobre a exploração dos efeitos da dependência, da negligência, da violência, do amor e da esperança. Tentei, ainda que não seja uma tarefa fácil, deixar opiniões de lado e, simplesmente, fazer com que as pessoas se sintam com espaço para refletir de forma crítica.
Quero sensibilizar, conscientizar, alertar! Todos(a) nós conhecemos pelo menos uma “Valentina”. É preciso falar destas coisas.
Hábitos de escrita: Onde escreve? Em que momento do dia? Quanto tempo dedica à escrita?
Gosto de começar a escrever logo de manhã. Regra geral, à noite gosto mais de ler.
A sala de minha casa é, sem dúvida, um dos espaços em que me sinto mais confortável a escrever, mas não recuso um bloco sem linhas caso sinta a necessidade de escrever no exterior. O computador só utilizo em casa. Lá fora, utilizo blocos sem linhas.
Dedico à escrita o tempo que me for fisicamente possível, ou seja, até me sentir cansada e incapaz de controlar o meu cansaço. Até lá, escrevo de forma atenta. Tenho por hábito ler um determinado parágrafo as vezes necessárias até sentir confiança. Só depois avanço.
Improvisa à medida que escreve ou conhece o fim antes de escrever?
Neste primeiro livro, que é baseado em factos reais, já conhecia o final, mas o segundo livro, que já comecei a escrever, é, sem dúvida, um misto de improvisos. Ambos os cenários são desafiantes!
Qual é o seu livro preferido?
Até hoje, “Um longo caminho para casa” de Danielle Steel, a minha escritora favorita.
Uma breve mensagem de incentivo para quem gosta de escrever.
Peço, e porque um dos meus objetivos é promover os hábitos de leitura e de escrita, que as pessoas não deixem os poemas, os excertos e, quiçá, os livros guardados nas gavetas, sem que ninguém consiga saboreá-los.
A escrita dá-nos ferramentas indispensáveis.
Aprendemos a realçar a nossa opinião de forma confiante, compreendemos com mais facilidade as entrelinhas e conseguimos formular debates de forma consciente. Não deixem de escrever se alguma coisa, num determinado momento, não estiver a correr da melhor forma. É normal. Acontece a qualquer pessoa. Temos de confiar em nós, nas nossas capacidades e, acima de qualquer coisa, ser humildes para que seja fácil aprender com os(as) outros.
Muitas vezes, digo às pessoas que me são próximas quando alguma coisa na vida delas não está a correr da melhor forma: “Fala sobre o que está a magoar-te e verás que ficas melhor e mais resolvido(a)”. Força!
Muito obrigada, Carina!
O livro “Valentina” é uma Edição D’Autor e pode ser adquirido através do Instagram @carinaromano.mybooks, o espaço em que poderão acompanhar muitas das diretrizes da obra.