Ainda que escrever fosse um gosto desde cedo, foi ao contar histórias ao seu filho que ganhou impulso para se lançar na aventura da escrita. Com dois livros infantis publicados, a autora Carla Garrido está a explorar novos caminhos. Descobre quais!
O que lhe deu vontade de escrever livros?
Desde muito nova, sempre gostei de ler, principalmente antes de adormecer.
Adorava imergir nas histórias e imaginar que era um dos personagens, vivendo as aventuras retratadas…!
A par disso, a escrita, para mim, sempre foi motivo de atenção e esmero.
Recordo-me da minha passagem pela vida académica, de que numa simples resposta numa ficha de avaliação, fazia questão de usar uma linguagem cuidada e assertiva, de forma a evitar erros ortográficos e a demonstrar da forma mais eloquente o meu ponto de vista.
Para mim, escrever era, e é, um gosto! 😊
Esse gosto ganhou asas com o nascimento do meu filho. O Daniel Maria (agora com 14 anos) adormecia ao som das histórias improvisadas pela mãe, algo fantásticas, algo estranhas…
E foi ele o principal incentivador para eu colocar as ideias no papel e lançar-me nesta aventura da escrita!
Onde encontra a inspiração?
A inspiração é algo que não tem dia nem hora marcada… O impulso criativo vai e vem nos momentos mais inesperados…
Pessoalmente, inspiro-me na criança que ainda existe dentro de mim e no mundo que me rodeia.
Quando menos espero, surge uma ideia, um enredo e um motivo para uma nova história.
O que retratam os seus livros?
Eu escrevo com o coração e cada uma das minhas histórias é o reflexo do momento e da fase da vida que estou atravessar.Os meus livros retratam o meu estado de alma, o meu fascínio pelo mundo e pela inocência das crianças.
São histórias com mensagens simples e positivas, com ilustrações riquíssimas, pinceladas com as cores do arco-íris!
Que eventos da sua vida a marcaram e, por consequência, se refletem no que escreve?
Dois eventos marcaram profundamente a minha vida: o nascimento do meu filho e a perda do meu pai.
Podem parecer lugares-comuns, mas foram dois marcos importantíssimos na minha vida.
O nascimento do meu filho, que considero a minha melhor produção, foi o momento que marcou “o antes” e “o depois” da minha vida.
Pela negativa, marcou-me muito a perda do meu pai, há 2 anos. Posso mesmo confidenciar-vos que o meu último livro infantil A Gaivota Carlota é muito mais introspectivo, pois reflete essa fase da minha vida menos boa… Aliás, tendo que cumprir prazos com a editora, as últimas linhas dessa história foram escritas junto ao leito do meu pai, nos seus últimos dias de vida.
Parece um contrasenso, não parece? Uma história infantil tão cheia de sonhos e esperança, numa altura tão complicada na vida da sua autora… mas a verdade é que quando escrevo as minhas histórias, “fujo” e refugio-me nesse mundo encantado, onde tudo acaba bem…
Hábitos de escrita: Onde escreve? Em que momento do dia? Quanto tempo dedica à escrita?
Escrevo em qualquer lugar, a qualquer hora do dia…
Como já referi, a inspiração não tem dia nem hora marcados, por isso, ando sempre com um bloco de apontamentos onde vou anotando as ideias que vão surgindo assim do nada, em jeito de brainstorming.
O tempo que dedico à escrita está proporcionalmente ligado ao nº de sessões de autor que tenho agendadas, em que ando “em digressão” pelas escolas e instituições culturais a promover aos meus livros.
Em alturas mais calmas, com menos sessões, dedico-me a criar novas histórias… por norma, isso acontece no verão.
Nesta fase pandémica tenho dedicado mais tempo à escrita, aproveitando por enveredar por novos caminhos, nomeadamente a poesia para um público que não o infantil.
Neste último ano, dois poemas da minha autoria foram publicados em antologias de poesia contemporânea de vários autores, sob a chancela da Chiado Books:
Improvisa à medida que escreve ou conhece o fim antes de escrever?
Antes de colocar as ideias no papel, já tenho uma ideia do final da história. Vou improvisando os detalhes e alterando ideias, no que diz respeito ao enredo, mas o final da história já o tenho decidido de antemão.
Qual é o seu livro preferido?
Não tenho um livro preferido…Tenho vários livros e autores que me marcaram, tanto portugueses como internacionais, nomeadamente Vergílio Ferreira, Margarida Rebelo Pinto, Rita Ferro, Agatha Christie, Isabel Allende, Enid Blyton.
Os meus livros preferidos são sempre os meus…são os meus bebés! 😊😊😊
E, por fim, uma breve mensagem de incentivo para quem gosta de escrever e pretende publicar.
O mundo da escrita pode ser muito competitivo, mas nunca percam o foco.
Todos os dias surgem novos autores e o processo de posicionamento e afirmação neste mercado é bastante difícil, pois os autores consagrados detêm uma posição inabalável e preferencial no que diz respeito às preferências das livrarias, em termos de colocação e de vendas.
Acima de tudo, escolham uma editora com a qual se identifiquem e que apoie o vosso trabalho pós lançamento do livro.
Uma história pode não agradar a todos, mas se acreditarem no vosso trabalho, pesquisem, busquem, procurem… e acabarão por encontrar uma editora que impulsione o vosso sonho.
Muito obrigada, Carla!
Podem seguir o trabalho da autora Carla Garrido aqui: