Esta “Carta à minha criança interior” faz parte de um desafio do Acampamento da Imaginação (um acampamento imaginário que nos impulsiona a imaginação) , uma iniciativa da Vera Barbosa, escritora.
Minha querida criança interior,
Cá estamos nós as duas, uma vez mais, sentadas a permitir olharmos e ouvirmo-nos. Parece simples, mas considero-o sempre um grande feito, depois de tantos anos incompreendidos.
Apesar de te teres perdido um pouco na tua falsa auto-confiança, foi essa mesma teimosia que te levou a procurar perceber e entender que não tens de fazer tudo sozinha. Não estás sozinha! É um facto de que não existe nenhuma multidão, mas para quê, na verdade? Achavas que não, mas agora entendes que só fazemos sentido com outros.
Foste de extremos! Ora acreditaste em toda a gente, ora em ninguém. Porém, hoje conseguiste um equilíbrio. Percebeste que não é nas palavras que te deves concentrar, mas sim nas ações. Eu sei, eu sei. A tua impaciência ganhou-te muitas vezes.
Hoje, rodeias-te de pessoas ponderadas, mas acima de tudo leves, apesar do peso das vivências. Na maioria das vezes, esses pesos são medos, incertezas, dúvidas, gritos que, em alguns, se vestem de atitudes frias. Tu nunca tiveste nada a ver com isso, nunca!
Por isso, não tenhas medo tu, criança que sou, de continuares aqui, ainda que achem que já não devias estar. Eu percebo-te. Não pudeste ser quando era suposto e, agora, também parece não fazer sentido. Isso é uma mentira que nos contam. Deixa-te ficar para sempre. És a minha janela interior. Entendo-me melhor quando me vejo através de ti. Por isso, deixa-te ficar.
O que os outros pensam, é exatamente isso, o que os outros pensam. Não se tratam de verdades absolutas. Tratam-se, sim, de teorias que cada um alimenta dentro do que compreende, experimenta. Mas as teorias não passam de suposições. Não se estabelecem verdades com base em teorias. Assim, como não podes tirar conclusões definitivas de suposições tuas. Daí ser tão importante conversar, partilhar.
E mais uma coisa, ainda bem que te deixaste desse teu querer ser perfeita. Por muito que tenhas tentado, percebeste que era vida gasta em vão. O que importa é que consigas fazer o teu melhor, de forma equilibrada. Afinal, ninguém, mas ninguém mesmo, é perfeito.
Ainda bem que percebemos isto. Trouxe-nos a paz necessária para conseguirmos estar aqui, eu a olhar para ti e tu a olhares para mim.
Se foi fácil? Não, mas difícil não é impossível!
O que dirias tu à tua criança interior?
Só queria abraçar a tua criança interior e dar-lhe muito amor. Vou enviar a minha para brincar com a tua 😉
Gostei muito, é muito importante aceitarmos quem somos.
E, apesar de não poder abraçar a tua criança, espero que um dia te possa abraçar. 💛 Espero que te sintas mais leve 😊
Beijinhos 😘
Olá, querida Vera!
Acabaste de me abraçar com estas palavras. Mas espero que possamos fazê-lo ao vivo e a cores! Este foi um exercício desafiante, mas proveitoso.
Beijinhos a ti também!
Que carta linda! Tantas aprendizagens ao longo dos anos que, agora, transmites com carinho à criança que, um dia, foste, e que guardas dentro de ti. Magnífico, adorei! 🙂
Ainda vou escrever uma carta à minha criança interior!
Um grande beijinho,
Elisabete.
Olá, Elisabete! Muito obrigada pelas tuas palavras. “Viver para aprender”, não é assim? Eu acrescento “ensinar ou partilhar” se isso permitir aligeirar o caminho de outros.;) Fico a aguardar a tua carta!