DIÁRIOS DE 1992 é um livro de poemas, desenhos e palavras soltas onde a vida e a morte, a dor e o amor ondulam ao sabor do desassossego de quem procura saber mais de si próprio.
O livro
Diários de 1992, na sua 1ª edição em julho de 2020 pela ADELAIDE BOOKS PORTUGAL.
Ao aceitar o convite desta leitura, aceitamos vaguear pelo “espectáculo de uma alma que se descobre até à carne viva.” conforme o prefácio de Pedro Elston. Carne viva! A descrição mais precisa das frases soltas, das confissões, dos desenhos e das deambulações para os quais a autora nos remete à procura de si própria.
A contracapa alerta-nos “(…) esta vontade de mostrar e esconder ao mesmo tempo faz com que estes diários se tenham de ler como um jogo em que o leitor recebe apenas breves alusões que pode transformar em pistas de um caminho a reconstruir: algumas datas, alguns acenos breves a encontros e desencontros com os que estão mais perto ou mais longe, uma geografia particular de idas e vindas pela Europa com a África em pano de fundo. Mas mais importante do que tudo isto, indícios de grandes abalos de alma, de um longo momento de passagem em que se pedem contas ao passado, se medem forças com desejos e desconsolo, se faz frente às temíveis possibilidades do mor e da morte.”
“Eles amam-me, amaram-me e sempre quiseram o meu bem.
costumava dizer que em nome do meu bem, quanto mal não me fizeram.
(…) Mas o amor é o reverso do sofrimento. E quem mais nos ama é que mais nos faz sofrer .
Somos humanos e é tudo!”
Sobre a autora
Rosa do Rio, Rosário Soares Carneiro, nasceu em Lisboa em 1958 e viveu em Angola, Timor, Bruxelas e Cascais. Para além do curso de Economia obtido pela Universidade Católica, em Lisboa, estudou escultura, em Bruxelas, na Academia Rock, assim como Desenho e Pintura no Ar.Co, em Lisboa. Foi correspondente da Deutsche Welle e intérprete de conferências, ambas as atividades em Bruxelas. Hoje, vive em Cascais e dedica o seu tempo à artes plásticas.
A paixão por agendas bonitas transformaram o especial ano de 1992 neste seu primeiro livro.
“Lutei tenaz e angustiadamente para encontrar uma forma de expressão própria.”
Assim, este livro é constituído de poemas, desenhos, frases, palavras cruas que refletem dor e traduzem a presença da desilusão face ao ser humano, uma crítica ao machismo, dores de família, aceitação.
“Já há muito tempo tinha que aprendido – ou tentado forçar-se a aprender – a não esperar nada dos outros.”
A minha opinião
Este livro chegou através da sua autora, Rosa do Rio, a quem estou muito agradecida por este presente.
Ainda que o livro não me tivesse chegado tão rapidamente, assim que me encontrasse com ele, ficaria muito curiosa pelo título.
Primeiro, porque gosto muito de diários. Segundo, porque o ano de 1992 também foi um ano peculiar para mim. Contudo, foram estas mesmas precisas razões que me levaram a procrastinar esta leitura. Tenho uma espécie de empatia exacerbada em mim. Sabendo que se trata de um diário, atribuo-lhe realidade. Acredito que os sentimentos nele impressos foram sentidos. Sorrio quando são positivos, padeço-me quando são de sofrimento.
A leitura deste livro é mais do que uma modesta leitura. É uma intensa interpretação de vida em poemas e desenhos, uma minuciosa viagem ao passado e, por consequência, um profundo situar-se no presente.