Equilíbrio

Ofereci longamente resistência a poder não gerir o tempo. Porém, tenho progredido bastante. Antigamente criava a minha agenda e estipulava despertadores para o fim de todas as tarefas. Basicamente, programava os dias ao minuto. Atribuía o tempo necessário para cada tarefa, de uma maneira realista para evitar todo o tipo de frustração. Não sei traduzir em palavras a satisfação que era conseguir acabar os afazeres em tempo recorde ao por mim mesma imposto! Confesso que algumas vezes atribuí conscientemente tempo a mais a algumas tarefas para desfrutar trapaceiramente deste gostinho sórdido. E, ocupada demais a querer gerir o caduco tempo, demorei excessivamente a reparar que alimentava de forma frenética a minha ansiedade.

Porém, como referi, fiz progressos. Continuo a programar os meus efémeros dias, todavia já não coloco despertadores para me alertar irritantemente o fim de cada momento. Foi a ponta por onde peguei! Desta maneira, vivo a sensação de soltar o tempo, de o deixar fluir… E tenho-me empenhado para me limitar a permanecer onde estou, subsistir um momento de cada vez, ancorar-me ao presente. Há dias em que esta ambiciosa tarefa parece bem mais tangível do que noutros…

Em suma, tem corrido bem. Eu atrevo-me a exclamar que até tem corrido bem demais! Existem momentos em que levemente me esqueço do dia em que estou. E assim sendo, não vislumbro sequer o que vem a seguir. A agenda, essa, continua a ser um bem necessário. Agora, mais do que nunca. Dantes eu servia a agenda. Registava nela tudo o que me cansava de saber e repetir com dias e dias de antecedência . Agora, apropriadamente, ela serve-me a mim.

De um certo ponto de vista, estou melhor. Tenho silenciado a ansiedade. E é gulosa esta sensação de pousar o mundo e descansar as costas. Por outro lado, a preguiça tem ganho pontos. Portanto, passei de oito a oitenta. Mas prefiro saber-me vagarosamente oscilante do que estagnada. Enquanto me movimento, continuo a procurar o equilíbrio. Hei-de encontra-lo certamente!

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