Escrever um livro sem saber por Gabriela Relvas

A esta autora, a escrita acontece-lhe! Norteada pelos amigos que as palavras tantas vezes representaram, a nossa autora convidada de hoje desabafou a vida em crónicas transformando-as num remédio para as emoções. Sem saber, estava a escrever o seu primeiro livro publicado em 2019, onde nos espelha o que recorda, o que sente, vive, sonha… entre os seus 31 e 35 anos. É justamente em palavras que se revela a nós. Bem-vinda, Gabriela Relvas!

O que lhe deu vontade de escrever livros?  

Eu não sabia que estava a escrever um livro. A Ilha da Formiga aconteceu com a vulnerabilidade toda de quem fala com vozes que moram na cabeça. Mas sabia, sempre soube, que escrever me dá um prazer que outras coisas não conseguem dar. Às vezes é um castigo necessário pelo gozo que me dá. 

Comecei a escrever assim que aprendi a escrever. As palavras foram tantas vezes os amigos que não tive, os amores que não tive, a compreensão que precisava e que preciso. E sempre soube, sem me perguntar porquê. A diferença do agora é esta vontade de partilhar, fazer companhia a alguém, fazerem-me companhia também.

Onde encontra inspiração?

A inspiração está por todo o lado. Na natureza bruta e delicada, nas paredes que nos confinam, nos dias fáceis e nos dias difíceis, nas pessoas de nariz para o chão na rua por ausência de tempo e na criança que nos ensina a lavar as mãos.

Às vezes a inspiração precisa apenas de ficar a ver, outras vezes, no meu caso mais vezes, a inspiração precisa da experiência vivida. Emoções experimentadas são para mim bons trampolins para a imaginação. Depois, tantas vezes, o distanciamento faz milagres. Muda o modo de ver.

O que retratam o(s) seu(s) livro(s)? 

A Ilha da Formiga é um livro de crónicas. As crónicas são autobiográficas. Tratam da vida como ela é. Tratam acima de tudo de uma necessidade de isolamento, por falta de encaixe no mundo como ia… vai. Não sei se é ia ou vai, ainda a vivermos todos esta pausa com aberturas intermitentes. 

Hábitos de escrita: Onde escreve? Em que momento do dia? Quanto tempo dedica à escrita?

Um café é sempre um bom abrigo, um café com janelas para ver o mar. Cresci a ver o mar, preciso do mar para continuar a crescer.

Improvisa à medida que escreve ou conhece o fim antes de escrever?

Nunca conheço o fim. Tem sido um verdadeiro exercício de improviso. E, a grande maioria daquilo que escrevo não tem também ponto de partida. Acontece-me. Gosto de sentir essa possibilidade da surpresa, para mim e para o leitor, quase ao mesmo tempo. É quase um compromisso de verdade. Num romance será diferente, mas não quero que seja muito diferente.

Qual é o seu livro preferido?

Eu não tenho um livro preferido. Seria completamente injusto com os outros livros todos. Mas, pelo momento que vivemos e para nos dar asas, talvez o “Montididio” de Erri de Luca seja um bom exercício. Precisamos todos de saber apreciar as coisas simples e despolirmos o coração, afinal a vida é “uma dentada”.

Uma breve mensagem de incentivo para quem gosta de escrever. 

Escrever sempre, ganhar olhar de contar, escrever sempre, mesmo nos intervalos de escrever.

 

Muito obrigada, Gabriela!

 

Para seguirmos o seu trabalho:

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Site – www.avidaemplay.pt

Autora Gabriela Relvas

A Ilha da Formiga, Gabriela Relvas

Obrigada ao Markus Winkler no Unsplash pela fotografia de capa deste artigo.

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