Seleccionar um lugar de esplanada onde nos sentarmos tornou-se, sem dúvida, uma considerável dificuldade!
Há males que vêm por bem! E as circunstâncias atuais trouxeram um bem em maior quantidade: as esplanadas! Mas como nem tudo o que luz é ouro, para além do desafio de escolhas constantes que a existência nos vai proporcionando, as esplanadas acrescentam-nos mais uma: onde nos sentar na ampla oferta de lugares das esplanadas? A escolha tornou-se uma considerável dificuldade.
Teoria
O primeiro ímpeto é sentarmos-nos na mesa imediatamente à nossa frente. Mas, assim que a nossa visão se alarga para as mesas da, até então, paisagem, a prontidão na escolha encurta. Indecisos, começamos a ponderar. A mesa lá da ponta é mais convidativa porque está resguardada, porém mais afastada de um serviço rápido. A ameaça de esperar pelos outros orienta-nos uma vez mais a visão para o grande plano de todas as mesas.
Num segundo breve momento, eis que surge, adicionalmente, a questão da exposição solar. Ao sol, à sombra, numa mesa mais exposta, ou noutra mais abrigada, não perto da passagem, não muito longe também para evitar demora no serviço, no meio do espaço, enfim, as possibilidades são múltiplas.
Isto já era difícil com poucas mesas, agora que dispomos de mais, é um verdadeiro problema.
Porquê?
Pela privação destes pequenos espaços de lazer, hoje encaramos a estadia numa esplanada como um maior privilégio do que aquele que já era. Estamos presos à memória, ainda em rescaldo, da perda desta possibilidade e queremos tornar cada momento de esplanada no melhor. Quem sabe, amanhã as circunstâncias não nos voltam a impedir o deleite?
Realidade
Hoje, foi um dia em que vivi esta situação. Apesar de estar sozinha, achei ser mais fácil, pois só tinha de olhar para as minhas próprias condições. Afinal, o problema nunca somos nós, mas sempre os outros. Porém, quando não estamos limitados às condições dos outros, condicionamo-nos a nós próprios. Somos tão fáceis!
Por mim sentava-me em qualquer sítio! – Digo eu muitas vezes.
Descobri que é mentira. Sentei-me ao sol para espantar a brisa fria da sombra e num aparente espaço ideal, porque para além de estar ao sol era abrigado.
Demorei páginas folhas da leitura atual para perceber que a perfeição do lugar escolhido era apenas aparente. Mudei-me, então, para um banco largo e alto de madeira que se encontrava abrigado, mas à sombra. Achei até divertido o facto dos meus pés não chegarem ao chão. Distrações à parte, retomei a leitura.
Após alguns parágrafos, o café chegou. Mais uma vez, acreditei estarem reunidas as condições para fruir da tão desejada esplanada quando, de repente, senti os meus pés dormentes. Por fim, voltei a olhar para todas as mesas da esplanada na busca de outra vaga que unisse o calor do verão, o fresco da sombra e onde mantivesse os pés no chão. O resultado está na foto.
Conclusão
Seleccionar um lugar de esplanada onde nos sentarmos tornou-se tão dificultoso que optei pela piscina.
Contudo, amanhã vou para a esplanada. Para variar!