Tenham vida

A vasta maioria das pessoas não trabalha em dias feriados ou fins-de-semana, a não ser os serviços permanentes como hospitais, bombas de gasolina, restaurantes, museus, centro comerciais…

No meu ramo os dias feriados existem consoante o projecto. Na realidade, a nossa vida laboral resume-se a dias de trabalho e dias de folga. Não são as datas que prevalecem, mas sim o trabalho que tem de ser feito. Se tivermos trabalho num domingo, pois o domingo será um dia de trabalho. Se as tarefas se prolongarem por vários dias e semanas, só existirão dias de trabalho. E isto leva a uma grande flexibilidade da parte do trabalhador, flexibilidade de horário de trabalho em detrimento de todos os outros interesses pessoais, quando os há!

E aqui surge uma questão: quem nasceu primeiro? O trabalho que tem de ser feito em muito curtos prazos de tempo ou o trabalhador desenfreado que aceita este desequilíbrio?

Temos uma tendência natural a acomodar-nos pelas mais variadíssimas razões: pura preguiça de pensar, por medo de sermos rejeitados, pela insegurança de não voltar a arranjar emprego rapidamente ou por baixa auto-estima. Qualquer um destes sentimentos ( e seguramente outros mais) conduzem-nos a aceitar dias de trabalho de horas sem fim. Ainda hoje vi um anúncio que descrevia a empresa e o seu excelente ambiente, as respetivas funções dos cargos em que precisam de reforçar a equipa e imediatamente antes da conclusão de incentivo à candidatura mencionavam que teríamos de estar dispostos a trabalhar das 8am às 8pm dias de semana, fim-de-semana e feriados.

Ora isto leva -me a crer que as empresas e os seus astutos recrutadores procuram em nós outros requisitos que não os literários ou profissionais. Enquanto formos desequilibrados, as empresas não pagarão os nossos conhecimentos, continuarão a pagar o nosso comodismo estúpido!

Está na hora de muitos arranjarem uma vida!

Foto: Unplash

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