O Olhar do Açor da Sandra Carvalho foi a minha primeira grande aventura pela literatura do género fantástico!
O livro
O Olhar do Açor na sua primeira edição de junho de 2014 pela Editorial Presença.
Estamos em 1433, em Águas Santas, no Palacete da família protagonista, os Gonçalves Vaz. As personagens são fictícias, mas o contexto histórico é real. Estamos em Portugal em pleno século XV, sob o reinado de D. João I.
Com o cenário e a época, a contracapa anuncia-nos Constance, uma jovem fidalga inglesa que vem para Portugal para se casar com Gonçalves Vaz, conselheiro do rei. Durante a viagem, o navio onde viaja é atacado por piratas, mas Nuno Garcia, um corsário impiedoso salva Constance deste assalto. A viagem não prossegue serena, uma vez que Constance se apaixona por Diogo, o protegido de Nuno Garcia. Desta relação, é concebida Leonor.
A sinopse informa-nos, também, da existência de Guida, amiga de Leonor, e do maléfico Tomás Rebelo. Águas Santas é o cenário de toda a trama, local bendito e detentor de um poder imbatível que o vilão quererá “assenhorar-se”.
Sandra Carvalho é a autora portuguesa mais prestigiada no género fantástico. O Olhar do Açor é o primeiro livro de dois volumes de Crónicas da Terra e do Mar.
Este primeiro volume é constituído de 388 páginas repletas de amor, cobiça, malvadez e de mística. Todos estes elementos, junto com personagens tão sérios quanto divertidos, fazem desta leitura uma aventura cuja trama se vai adensando e cativando cada vez mais a nossa curiosidade. Aliado a este factor, temos a brilhante escrita da Sandra Carvalho. Um português bem cuidado, harmonioso e fluido que cativa até os novatos no género.
A minha opinião
Entrei de pé atrás por ser um livro de um género do qual não sou fã. Porém, mantive a mente aberta e deixei-me levar pela escrita da Sandra Carvalho. Até parece fácil escrever quando lemos esta autora.
O guarda teve de acatar. Leonor ignorou o seu olhar ferino e concentrou-se no portento caído em desgraça. O aziago chapéu deslizara e ocultava-lhe o rosto. Sem mesuras, arremessou-o para o chão e inclinou-se para observa-lo. Exibia a mesma expressão rígida que ostentara no dia anterior, como se a sua face tivesse sido talhada em cera. (p.190)
Este é um pequeno excerto destas quase 400 páginas. Gostei muito da aliteração “se a sua face tivesse sido em cera”.
A par desta leitura, também senti a necessidade de relembrar e aprender alguns pontos importantes da História de Portugal, ao ponto de conseguir responder corretamente a uma pergunta de um dos nossos concursos televisivos de conhecimento geral.
Assim, foi a minha primeira aventura pelo género literário fantástico. Sinto-me entusiasmada por tê-lo feito com uma autora portuguesa.
E tu, já leste algum livro desta autora?