“O Vale da Paixão” de Lídia Jorge

O Vale da Paixão de Lídia Jorge na sua 6ª edição pela Leya, SA.

Lídia Guerreiro Jorge nasceu no Algarve, mais precisamente em Boliqueime, em 1946. Frequentou a Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa onde se licenciou em Filologia Românica. Exerceu a profissão de professora do ensino secundário, sobretudo em Portugal, mas também lhe proporcionou estadias em Angola e Moçambique durante os anos mais conturbados da Guerra Colonial. Foram-lhe atribuídos outros cargos ao longo da sua carreira como professora.

Lídia Jorge iniciou a carreira literária após o 25 de Abril, com o seu primeiro romance intitulado O Diabo dos Prodígios(1980), adaptado mais tarde ao teatro. O sucesso obtido foi nacional e internacional. Seguiram-se muitas outras obras e prémios.

O Cais das Merendas (1982) Prémio Literário do Município de Lisboa

Notícia da Cidade Silvestre (1984) Prémio Literário do Município de Lisboa

A Costa dos Murmúrios (1988) adaptado ao cinema

A Última Dona (1992)

O Jardim sem Limites (1995)

O Vale da Paixão (1998) Prémio Dom Dinis da Fundação da Casa Mateus, Prémio Bordalo de Literatura da Casa da Imprensa, Prémio Máxima de Literatura, o Prémio de Ficção do P.E.N. Clube e Prémio Jean Monet de Literatura Europeia ( Escritor Europeu do Ano).

O Vento Assobiando nas Gruas (2002) Grande Prémio da Associação Portuguesa de Escritores e Prémio Correntes d’Escritas

Combateremos a Sombra (2007) Prémio Michel Brisset 2008 atribuído pela associação dos Psiquiatras Franceses

Contrato Sentimental (2009) é um ensaio sobre o futuro de Portugal

A Noite das Mulheres Cantoras (2011)

Os Memoráveis (2014)

Estuário (2018)

Para além de romances e um ensaio, Lídia Jorge também publicou antologias de contos:

Marido e Outros Contos (1997)

O Belo Adormecido (2003)

Praça de Londres (2008)

O Amor em Lobito Bay

O seu primeiro livro de poesia foi publicado este ano, em 2019, O Livro das Tréguas.

Para além das obras acima mencionadas, traduzidas em mais de vinte línguas, é possível ler um seu olhar mais introspectivo, em Lídia Jorge: a Literatura é o prolongamento da Infância, um texto biográfico resultado do diálogo entre a escritora e José Jorge Letria, publicado pela editora Guerra e Paz.

Em O Vale da Paixão, livro que acabo de apreciar, Lídia Jorge retrata a vida e os costumes de Portugal da década de 50 à década de 80, através do olhar de uma jovem que cresce nesse período, assiste e participa nas mudanças profundas que marcam a sua família. Não precisavam de se sentir agradecidos a ninguém e a nada. Com receio de se sentirem, eram rudes e desagradáveis. Ao mesmo tempo, procura no passado o que precisa para se reconciliar com o presente. Um dos temas centrais das suas obras, a mulher e a sua solidão, é aqui espelhado. Ou então – Alguém está a mais, alguém está a mais entre nós. Havia quem pensasse, sentado na cama, o que os outros pensavam. E quem pensava, concluía que quem estava a mais era ela mesma, a sobrinha, a filha de Walter. Quem estava a mais era eu.

A nível da escrita, esta autora portuguesa é sempre distinguida por um estilo narrativo consciente e ricamente construído onde as personagens dão vida a memórias culturais, históricas e sociais de um passado português, ainda recente, que parecem querer não lembrar…

Boa leitura! Bom passeio por Portugal!

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