Sentada à beira rio,
Ciprestes para sombra,
Anseio a alegria
De um verão que se alonga.
Gosto do tempo soalheiro
Daquele que só precisa de lençol.
Gosto disso o ano inteiro,
Ser aquecida pelo sol.
Desalenta-me o frio
Mas aconchega-me o quente
Mesmo de um abraço vadio
De alguém que não pensa ser gente.
Com um sorriso congelado,
É-me difícil lidar.
Mais morto do que vivo
É viver sem amar.
Não somos obrigados
A gostar de ninguém
Mas o amor, é sabido,
Não faz mal, só faz bem.
Desalenta-me o quente
De um abraço vazio.
Há gente que não é gente.
Não sei o que são. Desvio.
Mais vale um cobertor
Ou até uma manta!
Do que me darem, por favor
A semente dessa planta.
Às vezes parece difícil
Aconchego encontrar.
Permito-me ser dócil
Por as armas baixar.
Torna tudo bem mais fácil
Para nós também olhar.
Despirmo-nos do lado imbecil
Que continuamos a alimentar.
Há frios que se revelam quentes,
Assim como há quentes frios.
Também há caminhos congruentes
Que mais pareciam baldios.
Aconteça o que acontecer
Não vou desesperar.
Vou aqui permanecer
E pacientemente aguardar.
O verão é por isso bem-vindo
Com o seu sol abrasador.
De segunda a domingo
O que desejo é calor.
Sentada à beira rio,
Deixo a mente vaguear.
Quando já não tiver frio,
Talvez me possa aventurar.
A foto é do Samuel Zeller do Unplash.