Hoje, convidei ao Palavra de Autor o prosador e poeta Ondjaki para uma conversa digital bem natural e descontraída. Espero que vos inspire tanto quanto a mim a avultar as vossas leituras, assim como a vossa escrita. Depois de falar com o Ondjaki, só me apeteceu ler tudo o que já escreveu!
Espero muito que gostem. Se for esse o caso, deixem os vossos comentários e partilhem! Muito obrigada.
Boa leitura!
O que lhe deu vontade de escrever livros?
Comecei a escrever para contar… sou de escutar e contar. Primeiro, foi mais difícil. Procurava um porquê. Depois, parei de procurar. Deixei as coisas antigas falarem em mim. E foi assim.
Onde encontra inspiração?
Sobretudo nas pessoas. Ultimamente tambem já a natureza e os bichos e as pedras me dão coisas para sonhar ou dizer. Isso foi benção de seu Manoel de Barros. Escrevo a partir do pouco que tenho para dizer. O pouco vem da pele, também vem da avó, também vem dos mais velhos. Dizemos aquilo que é urgente na esperança de que sirva aos que virão.
Hábitos de escrita: Onde escreve? Em que momento do dia? Quanto tempo dedica à escrita?
Escrevo quando a escrita e os sonhos me visitam. É verdade que costuma ser de madrugada. Também se escreve quando a vida provoca. O resto é auto provocado. É uma busca e o resultado de sonhos ou de leituras.
Improvisa à medida que escreve ou conhece o fim antes de escrever?
Raras vezes conheço o fim… mas não há regra. Há desregra. E a desregra é o que nos leva aos deslumbramentos. Acho que há coisas que se pensam e se sentem. Um dia a escrita quotidiana encontra o que já era obsessão… ou urgência. Escrever é também inventar um modo de viver.
Qual é o seu livro preferido?
Não tenho livro preferido. Tenho palavras preferidas: maresia;
varanda; sandália; amigos. O meu livro preferido são os olhos abertos no coração de todos os amigos. A felicidade é poder abraçar alguém que celebra esse abraço em simplicidade e textura. O livro preferido é uma criança ou um velho a sorrir. O resto é travessia.
Uma breve mensagem sua de incentivo para quem gosta de escrever:
Escrever é estar aberto. É também respeitar a literatura. E mesmo respeitar pode ser transgredir. Transgredir é uma forma de melhorar e de amar algo. Escrever é ler e deixar que a vida e a literatura se confundam em maresias.
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Boa entrevista, não conhecia o autor.
beijinhos
http://a-lilianaraquel.blogspot.com/
Obrigada, Liliana!
Lindas e tão profundas palavras.. Meu autor preferido, o mais lindo!!