Deviam existir óculos que nos permitissem ver muito para além da vista.
Óculos que nos permitissem humanizar antes de interpretar.
Óculos que nos impedissem de catalogar até cegar.
Óculos que nos obrigassem a pensar antes de expressar.
Óculos que espelhassem o que temos dos outros temos em nós.
Óculos que nos enriquecessem a vista.
Pobre de quem julga pelas aparências e alimenta a parcialidade.
Pobre de quem se convence que ao conhecer duas ou três pessoas, já conhece toda a humanidade ou uma boa parte dela.
Pobre de quem julga!
Julgar é correr uma maratona num círculo fechado.
Julgar é aniquilar o desenvolvimento da nossa extensa inteligência.
Deviam existir óculos que nos permitissem ver para além da vista.
Deviam existir óculos para ver (mais) de perto, aos outros, mas sobretudo a nós!