Poesia em Dicotomias de Duarte d’Orey

Poesia em Dicotomias por Duarte d'Orey

À medida que foi crescendo escreveu cada vez menos, até um certo ponto! Depois de ser selecionado para participar numa antologia poética, o nosso autor convidado deste domingo nunca mais parou.

Hoje, podemos ler Dicotomias, um livro de poesia onde sentimentos, emoções e sensações se espelham em palavras. Entre outros locais, gosta muito de escrever em viagem, sobretudo de comboio, mas de momento não o vamos deixar nem escrever, nem ir a lado nenhum. Vamos conversar com o Duarte d’Orey.

O que lhe deu vontade de escrever livros?

A vontade surgiu na adolescência em que escrevia letras para músicas. eram no fundo desabafos típicos de adolescentes, numa procura de quem eu era, o que fazia ali, muita raiva, amor, desamor, muitos sentimentos e emoções à flor da pele.

À medida que fui crescendo, escrevi cada vez menos, até que um dia vi na internet um concurso de poesia para uma antologia poética. Decidi concorrer, e fui seleccionado, o que me reacendeu a vontade de escrever.

Desde aí que não parei de escrever. As críticas eram boas e motivadoras e fui sempre crescendo e evoluindo a escrita sobretudo o meu traço, o meu estilo. Fui seleccionado para várias antologias poéticas, recebi várias propostas de edição, etc, mas ainda não me sentia confortável e satisfeito como os poemas que tinha até então.

Em 2018 sentia que já tinha um grupo forte de poemas e decidi editar o meu livro. Após várias propostas, decidi editar pela Emporium editora, e o “Dicotomias” nasceu em 2019.

Onde encontra a inspiração?

Em tudo o que me rodeia. Sobretudo pessoas. A natureza está também presente em muitos poemas, sobretudo em forma de analogia.

Mas a maior inspiração são as pessoas. Amores, desamores, amigos, família, conhecidos, desconhecidos. Qualquer coisa que me chame a atenção. Basta um olhar, um gesto, um sorriso, um choro.

Trabalho num café e tenho muitos poemas dedicados a pessoas que por lá passam e três das pessoas que mais me inspiraram e motivaram foram um toxicodependente, uma mulher com uma doença degenerativa e uma rapariga com trissomia 21. Também me inspiro noutros autores, em música, em filmes…

Gosto muito de escrever quando viajo. sobretudo de comboio. Ouço música, e olho a paisagem pela janela. Para mim não há maior inspiração que esta.

O que retratam o(s) seu(s) livro(s)?

Sobretudo sentimentos, emoções e sensações. Gosto também de envolver a natureza. Exploro o que sinto pelos outros, e também pelo que sinto por mim e de mim mesmo.

Hábitos de escrita: Onde escreve? Em que momento do dia? Quanto tempo dedica à escrita?

É muito interessante pois não tenho um hábito. Escrevo quando surge algo que me inspire.

Normalmente escrevo à noite, pois é quando tenho mais tempo. Trabalhando num café com bastante movimento, é difícil ter tempo e concentração suficientes para escrever, mas se tiver uma ideia, o que faço é escrever em pedaços de papel, e depois, quando estou livre, desenvolvo essas ideias.

Escrevo em qualquer lugar. Daí andar sempre com um pequeno bloco e uma caneta, pois nunca sei quando algo surgirá. (e já aconteceu ter ideias excelentes, não ter onde as apontar e depois não as conseguir relembrar). Mas é frequente escrever em cafés, em passeios, em viagens (comboio, sobretudo), na cama, à beira-mar, simplesmente a andar… Sempre que algo surge.

Com o passar do tempo adquiri a capacidade de escrever do nada. Já me pediram diversas vezes para escrever algo, do nada, e julgo que saiu sempre bem. Mas por norma, apenas escrevo quando tenho a necessidade de o fazer, que normalmente acontece quando estou sozinho, nos meus pensamentos e divagações.Por vezes escrevo três poemas seguidos, por vezes estou um mês sem escrever. Não tenho a necessidade frequente de escrever. Novamente, escrevo quando algo me inspira e motiva, e julgo que ficará bem num poema.

Improvisa à medida que escreve ou conhece o fim antes de escrever?

Improviso sempre. São raros os poemas que quando pego na caneta, já tem cabeça, tronco e membros.

Muitas vezes, tenho uma ideia, mas à medida que vou escrevendo, surgem vários caminhos, várias hipóteses, então, de repente estou a escrever 3 poemas ao mesmo tempo. Normalmente tenho uma ideia base e vou deixando as ideias fluírem.

Outras vezes, sinto que o poema não está completo. Então, esqueço-o e volto a ele mais tarde.

Por vezes, ainda, vou buscar ideias a poemas já escritos. Por vezes misturo poemas.

Qual é o seu livro preferido?

Muito difícil nomear um, mas sendo que escrevo poesia, um dos livros que mais me marcou foi o “sonetos”, da Florbela Espanca.

Uma palavra de incentivo para quem gosta de escrever.


Escrevam sempre, encontrem motivações! Encontrem um estilo próprio em que se sintam confortáveis.

Escrevam para vocês próprios e não a pensar em qualquer público.

Tenham sempre algo onde possam escrever. Nunca se sabe quando surge um escrito fantástico e perde-lo porque não há onde apontar, é frustrante.

Simplifiquem, não usem palavras “caras”, o pior que pode acontecer é uma ideia ficar perdida porque se teve que reler uma frase ou texto.

Sejam verdadeiros com vocês próprios, não tenham medo de escrever o que vos vai na alma. Explorem a vossa mente e a vossa escrita. Não desanimem se alguém não gostar do que escrevem. Vai acontecer!

E sobretudo, tenham sempre em mente que como em qualquer área, nem todos nasceram para escrever, por muito que queiram. Se querem partilhar o que escrevem e não se sentem seguros, peçam a opinião de quem vos rodeia, mas sobretudo, de pessoas isentas que vos darão uma opinião sem influências. Mas sobretudo, escrevam e viajem!

Num dos seus mais curtos poemas no Dicotomias confessa:

Tenho mais memórias que sonhos e desejos.

Que um desses desejos seja continuar a escrever sobre as suas memórias!

 

Muito obrigada, Duarte!

 

Para acompanharmos a escrita do Duarte:

Facebook: Duarte d’Orey

Instagram: duartedoreypoesia

 

Onde podemos comprar o livro?

www.emporiumeditora.com/products/dicotomias

https://www.wook.pt/pesquisa/duarte+d’Orey

https://www.bertrand.pt/pesquisa/duarte+d’Orey

Autor Duarte D’Orey

Obrigada ao Markus Winkler no Unsplash pela foto de capa deste artigo.

 

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