Como tenho recebido muitas mensagens a perguntar como foi publicar o meu primeiro livro, resolvi criar este artigo para vos contar a minha experiência.
Antes de mais, é importante referir que tenho uma paixão muito grande pela escrita. Por outro lado, a minha ideia inicial de publicação era muito romântica, fruto da minha jocosa imaginação e não de uma pesquisa objectiva.
ANTES
Eu sou das que, antes de enviar o exemplar para um concurso ou uma editora recorre a serviços literários para uma revisão do mesmo e para aprovação da ideia. Escrevo muitos textos que não publico.
Primeiro, porque é ao escrever que medito e reordeno o meu pensar.
Segundo, porque acredito que nem tudo o que escrevo é interessante para quem lê, apesar de o ser aos meus olhos. Isto porque nem sempre escrevo sob um género catalogado por assim dizer.
Assim, após considerar a Julieta por terminada, recorri à opinião e revisão profissional de uma professora, coach, crítica literária e autora de livros infantis.
Por sua vez, este serviço levou-me a outra etapa relevante no nascimento dum livro, a da minha própria revisão. Por ser uma tarefa que exige objectividade da parte do escritor, em vez de permanecer à sombra da ligação emocional que já tinha criado com o meu texto, optei pela luz das orientações de quem entende da matéria. Foi uma maneira de me focar. Isto porque é muito fácil perdermos-nos na revisão.
Finalmente, a minha história estava pronta para ser enviada para o concurso que me serviu de mote para a realização deste desejo.
Se acreditava ganhar? Acreditava que seria uma possibilidade, sim! Caso contrário, não teria concorrido. Se o concurso determinaria o fim da aventura? Com certeza que não!
ENVIO DO EXEMPLAR
Enviei, então, o meu conto infantil em maio para o email do concurso e fiquei a aguardar os resultados que só chegaram em novembro. Não ganhei. Tinha o caminho livre para avançar para o plano B desta jornada.
Muni-me de muita paciência, pois tinha em conta que não me responderiam logo… Enviei, então, o meu texto para uma editora a que o género correspondia. Pode parecer tosco, no entanto este é um pormenor ao qual temos de prestar atenção.
Ao fim de um ano, voltei a contactar a editora em questão para obter novidades, todavia em vão. Nunca me responderam. Nem ao primeiro, nem ao segundo, nem a qualquer outro contacto.
Ora resolvi experimentar a recente chegada ao mercado editorial, a Cordel de Prata. Enviei-lhes o meu texto em fevereiro e recebi retorno positivo poucos meses depois.
A PUBLICAÇÃO
E assim começou esta viagem!
Se tive de pagar para publicar? Sim. Garanti a compra de um pequeno número de livros. Isto para dizer que não foram quantias exageradas como as de que tenho ouvido falar. Por isso sublinho o pequeno número de livros porque ao vendê-los, pude recuperar parte do investimento (não a totalidade uma vez que resolvi oferecer alguns).
A Cordel de Prata não me prometeu nem mundos nem fundos. Responderam sempre a todas as minhas perguntas antes e após assinar o contrato. Confesso que as perguntas não eram minuciosas sendo eu uma autora de primeira viagem. Hoje, posso dizer que nada sabia sobre a publicação em Portugal.
E AGORA?
Vou colocar aqui as respostas às perguntas mais recorrentes:
Voltarias a publicar com a Cordel de Prata?
Sim, aliás, estou prestes a fazê-lo. Está do meu lado o término daquele que será o meu segundo livro.
Vais voltar a recorrer à revisão fora da editora?
Com certeza! Quero entregar à editora o que eu chamaria de um trabalho concluído. A revisão a que recorro faz parte do meu trabalho de escrita. Apesar deste trabalho prévio, ficarei a aguardar as observações da revisão da editora de mente aberta para alterações pertinentes.
A editora requisitou algum pagamento para este segundo livro?
Sim. No início do contrato, compro um pequeno número de exemplares do meu próprio livro que, após o lançamento, poderei vender e recuperar o investimento, assim como aconteceu com a primeira publicação. Uma vez mais adianto que não se tratam de valores exacerbantes como os que tenho vindo a ter conhecimento da parte de outras editoras. Note-se também que a editora Cordel De Prata, da pesquisa que entretanto fui fazendo, é das jovens editoras que mais se aproxima dos serviços de uma editora tradicional. A revisão, a capa, a paginação, as ilustrações (quando é o caso), enfim, tudo o que diz respeito ao livro físico, assim como o lançamento, são por conta da editora, não sem a aprovação do autor.
Porque aceitaste voltar a publicar com a Cordel de Prata? Porque não tentaste outra editora?
Aceitei voltar a publicar com a Cordel de Prata porque, apesar de ainda não terem atingido um patamar de renome no mercado, tenho assistido aos esforços da editora de ano para ano. Quando converso com a Cordel de Prata, sinto que me ouvem o que resulta numa comunicação bilateral onde as discórdias acabam na tentativa e concretização de nos alinharmos na mesma direção. Esta relação permite que cresçamos juntos. Pessoas que procuram fazer sempre melhor é para mim um factor relevante no momento de escolher com quem quero trabalhar.
Gostavas que a Cordel de Prata fizesse algo diferente pelo teu livro?
Sim! Gostava que a divulgação fosse mais dinâmica, ou melhor, mais frequente. Para mim não é fácil publicitar e vender. É um trabalho para o qual não tenho jeito nenhum e que precisa de ser constante. Porém, reconheço que eu (ainda só) tenho um livro, mas a editora tem muitos mais! A atenção merece ser distribuída por todos.
Porque não tentas outra editora?
Quero publicar com a Cordel de Prata, mesmo correndo o risco, como já alguns autores e leitores me confessaram, de ser eliminada da lista de autora válida. Aliás, entristece-me quando me dizem que não me leem por eu ser autora de uma editora não tradicional. Mas atenção! Não fico triste por mim, fico triste pelo preconceito que existe.
O que eu gosto mesmo é de escrever. Ser lida é um enorme privilégio, sem dúvida alguma. Nem que seja por apenas uma pessoa. Considero a relação entre os leitores e o escritor como a amizade. Mais do que a quantidade, prefiro a qualidade. Pode levar mais tempo, mas espero que os que se aventuram no meu mundo, aguardem em pulgas a viagem seguinte!
CONCLUSÃO
A minha experiência com a Cordel de Prata tem sido positiva. Paguei sim, mas sem exorbitâncias. Tinha o sonho de publicar, mas não a cegueira de o fazer. Se a experiência não fosse equilibrada, não seria para mim.
A quem pensa publicar, faz as tuas pesquisas por questionares outros autores, por consultares as editoras, de maneira a poderes trabalhar em equipa com quem escolhes.
Caso ainda tenhas mais alguma questão, dispõe!
Boas letras!
Olá, Ana Gui! Gostei muito do artigo, a tua sinceridade face ao mercado editorial mostra que já percorreste este caminho e que, com consciência, escolheste a editora com quem queres trabalhar. 🙂 Esta decisão é fruto de muita reflexão da tua parte, e, mais importante do que tudo, faz-te feliz! Afinal, o que mais importa é que o processo de escrita seja agradável, e que a publicação o seja também. Desejo-te o maior sucesso, eu sei que fazes o melhor pela tua escrita!
Um grande beijinho,
Elisabete.
Olá, Elisabete! Muito obrigada pelo teu comentário, pelos teus votos e, sobretudo, pelo teu apoio constante.
Boas letras!
Boa tarde. Peço desculpa pelo incómodo. Gostaria de saber algumas informações sobre ter publicado com a editora. Se puder enviar email agradecia.
E já agora parabéns e que tenha muito sucesso.
Obrigado
Boa tarde, Rita! Obrigada pelo seu comentário. Pode enviar-me E-mail com as suas perguntas: ana@cronicasporanagui.com Terei muito gosto em partilhar a minha experiência consigo.
É curioso saber que a editora faz propostas diferentes a autores diferentes. A mim propuseram que eu comprasse mais de 60 exemplares a 14 euros cada. Ou seja, quase 1000 euros de investimento pessoal. Um absurdo.
Boa tarde, Carla! Muito obrigada pelo seu comentário. Não pretendendo justificar seja o que for porque este artigo apenas retrata a minha primeira experiência, deixo a ressalva de que a “Julieta, a Borboleta de Jaqueta” foi lançada em fevereiro de 2019. O contrato com a editora foi elaborado em 2018. Se o acordo com a Cordel de Prata não corresponde às suas expectativas, não deixe de procurar outra editora. E o mais importante: não deixe de escrever! Desejo-lhe muito sucesso!
Congratulations for your words and advices which sound sincere and honest.
Olá Ana, encontrei esta página por acaso, ao pesquisar sobre a editora Cordel de prata.
Tal como a Ana, concorri ao concurso literário infantil e não ganhei. No entanto, fui contactada para publicar o meu livro. Gostaria de saber se é possível fazer-lhe algumas perguntas sobre a sua experiência.
Obrigada desde já,
Catarina Mendes
Olá, Catarina! Com certeza! o meu email é ana@cronicasporanagui.com
Catarina, decidiu avançar com a publicação do livro? Como correu?
Caríssima Ana,
Bom dia.
Li atentamente tudo o que escreveu e gostaria de lhe poder fazer algumas perguntas sobre a temática. Estou numa situação algo parecida com a Cordel e queria a sua opinião.
Muito Obrigado.
Boa tarde. Vou publicar o meu 1º livro Com a Cordel de Prata. E tinha uma questão para mim pertinente, se achar por bem revelar. Obrigada. Agradecia o seu contato.
Bom dia, Carmo! Desculpe só responder agora. Pode contactar-me através do meu email ana@cronicasporanagui.com .
Eu também concorri a um prémio na Cordel de Prata, não ganhei! Também me propuseram a edição do livro mas, tal como a Carla C pediram-me a aquisição de 60 exemplares a 13e!!! Obviamente não aceitei.
Lamentável , os critérios serem diferentes de uns para outros.
Não entendo como consideram pagar para editar um livro. Quanto editei o meu primeiro livro “Aqueles que não entraram na História” não pagar pela edição foi a primeira condição que impus a mim mesmo.
Podem não concordar, mas pagar para termos um livro não me parece o mesmo que termos uma editora que aposta na qualidade do nosso trabalho e assume o risco.
Que prazer se pode ter sabendo que qualquer pessoa pode publicar desde que tenha dinheiro para pagar a edição?
E o mérito do autor? Paga para ter o seu livro editado… há coisas na vida que tem mais valor quando são conquistadas pelo nosso talento e esforço e não a troco de dinheiro.
Cumprimentos
Boa tarde, Eugénio!
Muito obrigada pelo seu comentário. Concordo consigo! Hoje tenho conhecimento do mundo literário e não voltaria a pagar para ser editada.
Olá Ana! Vi no último comentário que não teria pago para ser editada. O que teria feito de diferente? Pode partilhar? O que a fez mudar de opinião?Obrigada