Já escreveu um livro e uma canção! Não lhe perguntei se já plantou uma árvore, mas sei que a sua criatividade lhe tem feito crescer mais uns quantos projetos na mente e na manga! Palavras, para que vos quero? A Rita Mira conta-nos tudo!
O que te deu vontade de escrever um livro?
Sempre gostei muito de ler e de escrever, principalmente livros infantis quando tive as minhas filhas. Comprava, pelo menos, 1 novo livro infantil por mês para ter novas histórias para lhes contar.
Ficava (e ainda fico) fascinada com os textos e com as ilustrações mas sempre achei que, por ser da área de gestão e marketing, não teria aptidão para poder escrever um livro que alguma editora quisesse publicar.
No entanto, foi num dia de lua cheia (estava grande e muito luminosa) que a minha cabeça começou a fazer imensas perguntas: porque é que será que a lua brilha tanto? e se a lua tivesse um segredo? e se alguém habitasse a lua e lhe desse luz? e quem podia ser esse habitante? e como poderia dar luz à lua?
Percebi que estava perante um potencial livro e, no dia seguinte, agarrei-me ao computador e comecei a escrever. Senti que tinha de partilhar tudo aquilo que a minha mente tinha criado.
E a canção?
Num trabalho que tive, ao perceberem que tinha algum jeito para escrever, começaram a pedir-me para escrever os postais de aniversários das várias pessoas do departamento. Por graça, comecei a fazer as dedicatórias personalizadas em formato de rimas e percebi que até tinha alguma facilidade em fazê-lo e as pesssoas gostavam muito do resultado final. Como também gosto muito de música comecei a tentar escrevinhar umas letras, sem qualquer tipo de pretenção.
A ideia da música STRONG surgiu quando estava a caminho de casa, quase que por “magia”.
Tinha estado a pensar que muitas vezes a nossa voz interior é nossa inimiga quando nos faz acreditar que não somos capazes de alguma coisa e nos limita nas nossas acções. Veio de imediato à minha cabeça a frase “A little voice inside your head says you cannot do it” bem como a melodia da música. Estava a entrar para o elevador do meu prédio e corri até casa para escrever a letra no meu caderninho e trautear a melodia para o telemóvel para não me esquecer.
Depois achei a letra era uma mensagem de empoderamento e superação das mulheres e decidi apresentar o projecto à APAV como uma música solidária e que ajudasse a falar no tema da violência doméstica e do namoro. E tudo nasceu assim… sem nada de grandes planeamentos.
Onde encontras a inspiração para tanta criatividade?
Eu sempre fui muito curiosa e muito atenta às coisas que me rodeiam. Parece cliché o que vou dizer mas a verdade é que a criatividade não é um dom e tão pouco magia.
A criatividade treina-se.
É preciso estar atento ao que nos rodeia: pessoas, conversas, locais. Os filmes e séries também são uma boa fonte de inspiração. E depois faço muitos cursos (sobretudo on-line) onde estimulo a imaginação e criatividade. Consumo muito conteúdo também e, grande parte das vezes, inspiro-me em conteúdos que vejo e tento adaptar para o meu nicho que é fomentar a leitura e a escrita de forma criativa.
O que retratam as tuas criações?
Eu gosto de olhar para um trabalho / projecto e sentir qualquer coisa com ele. Gosto de fotografias que me fazem arrepiar, imagens que mexam comigo, videos que me deixem a pensar. Acho que o segredo de um bom conteúdo é aquele que, para além de entreter, nos deixa qualquer coisa de valor. E pode ser uma simples dica, um sentimento, uma motivação.
Quando faço algo a minha intenção é transmitir sempre alguma mensagem, por mais básica que possa ser.
E, como estou muito focada na área dos livros, ilustração, etc, tento que os meus conteúdos possam servir o meu propósito e fazer com que mais pessoas leiam e escrevam com gosto.
Reflexo disto é uma frase que criei para o meu website (e que no dia em que ganhar coragem gostava de tatuar no pulso) é “Spread my feeling through words”.
Que eventos da tua vida te marcaram e, por consequência, se refletem no que fazes?
Acho que o facto do meu pai e do meu irmão serem muito focados nas artes (o meu pai tem um curso de pintura e escreve livros e o meu irmão é arquitecto e desenha MUITO bem) sempre me fez estar muito atenta aos pormenores, aos pequenos detalhes das coisas. A construção da minha família, o nascimento das minhas 2 filhas, a decisão de criar o meu próprio negócio, os amigos com quem tenho a sorte de estar.
Tudo isso são elementos de peso que se reflectem na pessoa que sou hoje e que me ajudam a manter o foco.
Hábitos de criatividade: Onde ? Em que momento do dia? Quanto tempo dedicas às tuas ideias?
Sou muito pouco disciplinada nesse sentido.
Não tenho horários definidos para criar (se assim podemos chamar). Eu sou uma pessoa muito organizada e funciono por projectos e objectivos.
Se tenho algo que pretendo fazer começo a pensar nesse projecto (seja um video, um post, o meu website, uma música, um livro, etc) e ponho mãos à obra. Pesquiso, estudo sobre o tema e começo a formar o conteúdo do que pretendo. Posso passar 1 dia inteiro de volta de uma ideia ou apenas dedicar 20 minutos a ela. Não tenho um hábito regular. Vou fazendo as coisas à medida que me dedico a elas, sendo que não fico à espera que “baixe” a inspiração. Sento-me e faço e isso é o mais importante. Fazer acontecer!
Com tantas ideias, como é: vais atrás delas ao improviso ou, como pessoa organizada que és, só embarcas quando sabes onde vai dar?
Acho que acabei por responder em parte a esta pergunta em cima mas tenho um pouco das 2 coisas.
Não gosto de rotinas, não gosto de fazer sempre a mesma coisa e da mesma forma.
Por outro lado, saber o quero e para onde vou é muito importante porque me dá uma sensação de tranquilidade saber que há ali um caminho alinhavado.
Ninguém sabe muito bem o que vai dar quando começa um novo projecto pois há sempre incerteza, o medo de falhar, de não conseguir fazer da maneira que queremos.
Eu uso muito uma expressão que aprendi quando morei em Angola que é “Faz só!”. E é mesmo isto… tens uma ideia e queres concretizar… faz só! Alguma coisa vais ter no final.
Se resultar, perfeito. Se não funcionar, ficas frustada e desmotivada mas depois tens 2 soluções: abandonas a ideia e passas para outra ou melhoras para que fique como pretendes.
Improvisado, planeado… não interessa. O importante é fazer.
Para além de escreveres livros, canções, contos personalizados e de nos recheares de criatividade com publicações sempre diferentes, qual é o teu próximo projeto?
A minha cabeça não descansa (mesmo). Acho que adormeço a pensar em coisas e acordo a pensar em coisas. Gostava de poder ver se durante o sono a minha mente descansa ou se está sempre a carborar (será que alguém consegue inventar alguma máquina que faça isto? 😊 ). Isto é mesmo muito esgotante e causa-me muita ansiedade (há sempre um reverso e este é algo que me toca particularmente). Tenho sempre uma lista de projectos com coisas que quero fazer e, às vezes, sinto que se parar um bocadinho para descansar não estou a ser produtiva e “penalizo-me” por isso.
Tenho muitas coisas que gostava de fazer
como ter uma colecção de livros infantil, um romance para adultos, workshops de escrita para crianças, curso de criatividade, uma nova colecção de t-shirts, novas músicas editadas (tenho várias em gaveta a ver se alguém pega nelas), projectos na área de marketing e comunicação da minha agência (que é o meu full time job),…
Alguns destes projectos estão em curso, outros à espera de validações, outros apenas na minha “want to do list”.
Haja tempo, saúde e criativade!
E, por fim, uma breve mensagem de incentivo para os criativos como tu!
O mais importante é mesmo por a mão na massa e fazer acontecer.
Uma ideia, por mais criativa que seja, se ficar apenas em papel não vai passar disso mesmo – de uma ideia.
Para que se torne em algo criativo é preciso agir e dar corpo e forma à ideia.
Por isso, FAZ SÓ!!! 😀
Muito obrigada, Rita!
Para continuar mos a seguir o trabalho da Rita:
@ritanobremirawriter
Simplesmente adorei ler!!! A força das palavras da Rita deixam qualquer um com garra e motivação, para não falar de inspiração para continuar! “Faz só” <3 Lindoo, adorei!! Parabéns às duas! Beijinhos