Um destes dias, enquanto espreitava as promoções das agências de viagem on line e escolhia um possível destino para um fim-de-semana longo de descanso, retive-me na dupla de verbos ir/ficar. Um não anda sem o outro. Nunca. Nem que um fique e o outro vá. Se não pensem: se vamos, não ficamos. Se ficamos, não vamos. É como a dupla emigrar/imigrar.
Mas gramática à parte e mais profundamente, foi a minha insatisfação e inquietação na escolha de um destino que me trouxeram até aqui.
Depois de vaguear pelo mapa entre capitais e destinos mais ligados à natureza, acabei por nada marcar. Não por falta de escolha ou limites orçamentais, mas por não haver destinos que me apetecessem. Como é possível se eu nem um quinto do planeta conheço?
Pela simples razão que a minha insatisfação não tem a ver com o destino, mas com o lugar onde nos encontramos, em nós. Eu quero ir, não para outra cidade ou país, mas para fora de mim. Apetece-me não ter horas, nem planos. Apetece-me apenas ir andando. Mas de momento tenho de aprender a fazê-lo aqui, em mim, para depois me deixar levar para onde tiver de ir.
Ao mudar de profissão quebrei rotinas, alterei horários, estipulei limites, criei desafios e ganhei muita qualidade de vida. Mas ainda me falta interiorizar para desfrutar plenamente desta nova condição. Estando eu aqui, desta vez, fico. E se é para virar o meu mundo completamente do avesso, concluo que, apesar de ficar, desta vez estou a ir… Estou a ir ao meu encontro.
Photo from Unplash