Vivemos enlatados

Vivemos enlatados, crónica de AnaGui
Vivemos enlatados em ideias e preconceitos cheios de corantes sem conservantes.
Incoerência é o molho com que  nos regamos para dar sabor à existência.
Com demasiados fins para muito poucos princípios assim são os nossos atos.
Sem qualquer pitada de sal ou de outro condimento, não importa o nosso sabor, importa sim que façamos boa figura.
E quem nos vê à superfície convence-se de que somos felizes mas, na verdade, vivemos enlatados!
Vivemos enlatados, fechados em objetivos que são meros passatempos.
Parecemos tanto, mas somos tão pouco!
Ainda que a lata não tivesse importância, mas é com ela que nos vendemos por um preço que mata.
E quem nos vê à superfície convence-se que somos felizes mas, na verdade, embora alguns saibam mas não façam nada, vivemos enlatados!
Vivemos enlatados em fortes desejos para atingir o vento.
Apesar dos muito milhares igual a nós, julgamos-nos sempre o melhor marisco de todos os mares.
Só que…
Vivemos enlatados!
E quem nos vê à superfície convence-se que somos felizes mas, na verdade, embora alguns o saibam mas nada fazem por eles próprios quanto mais pelos outros, vivemos enlatados!
Vivemos enlatados por sermos preguiçosos e não procurarmos o que faz sentido.
Preferimos seguir atrás da enganada multidão porque é mais fácil seguir a maré do que remar contra ela.
Segui-mo-la, apontando-lhe constantemente o dedo, deixando-a perder o rumo em cada pequena onda.
Sabemos que vai no sentido errado, mas é trabalhoso não seguir o vento.
E quem nos vê à superfície?
Convence-se que somos felizes mas, na verdade, vivemos enlatados de tanta lata que temos!

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