Sofia mais feliz
Não te posso dizer que mudei radicalmente de vida. Pelo menos, aquela que habitualmente ouvimos falar: mudar de carreira, mudar de país ou iniciar um negócio próprio. A minha mudança aconteceu num lugar menos visível mas, arrisco a dizer, que não menos importante que os anteriores. Essa mudança veio e vem a acontecer aqui dentro… de mim.
O que fazias?
A minha mudança não foi disruptiva, ela foi e continua a ser um processo evolutivo. Este processo não é algo “novo” que está a acontecer, mas sim algo que sempre existiu em mim, e que estou a aprender (ou reaprender?) a “resgatar”. Mas não nego que trazer à luz da consciência coisas minhas inexploradas ou adormecidas, traz sempre um saborzinho de novidade. Isto porque, na prática, a perspectiva da realidade e, consequentemente, a própria realidade em si, alteram-se de forma irreversível.
Mas tentando enquadrar-me na questão que me fazes, “antes” era como se eu vestisse uma personagem. Uma personagem que eu tinha criado com base em alguém que eu admirava. Assumi que aquela personagem era a certa para mim, e não equacionava sequer ser eu mesma.
A comparação é algo humano e natural, o problema é quando deixamos de utilizá-lo como fonte de inspiração, para passar a ser um bloqueio e anulação da nossa própria natureza.
E foi isso que aconteceu comigo.
O que fazes agora?
Ando a vestir-me de mim mesma. Ou melhor, a despir-me da personagem que durante tantos anos vesti. É um processo tão duro quanto maravilhoso.
Qual foi o primeiro sintoma da mudança?
Como te disse,tem sido um processo.
Fui tendo pequenos sinais de como muita coisa não estava a correr bem na minha vida (interna e externamente). E demorei a perceber que era porque me auto-negava.
Houve 3 fatores que ajudaram a despoletar e acelerar o processo: um terapeuta que me ajudou a trazer muita coisa à consciência, a meditação que me permitiu escutar-me e o blog que funcionou como um catalizador de tudo o que estava a resgatar em mim.
Para além destes fatores, existiu um episódio que aconteceu comigo em termos profissionais que funcionou como um turning point. Atingi um objectivo profissional há muito desejado e, quando lá cheguei, percebi que não queria nada daquilo. Pudera! Aquele objectivo não era meu, não vinha da minha essência. Nessa altura senti-me sem rumo, afinal, o objectivo não me satisfazia e teria de pensar o que realmente queria eu queria ser e fazer. E nessa altura, não tive escolha: tive de olhar para dentro.
O que te impulsionou a passares à acção?
Depois do caos, comecei a pensar que tinha de fazer alguma coisa. E fiz! Larguei esse objetivo seguro mas que não era meu e lancei-me no desconhecido, esperando mesmo que o destino interecedesse a meu favor. Mas mais do que o medo que sentia, havia em mim uma confiança que eu não sabia bem de onde vinha. Agora sei. É a confiança de alguém que age por si mesma, de acordo com a sua essência. E a verdade é que o destino, a sorte, Deus, ou seja o que for, intercedeu mesmo. A minha vida melhorou em 200% e esse episódio foi um marco na minha vida.
Tem sido fácil? Quais têm sido os maiores desafios?
A partir do momento em que se dá o turning point, as coisas mudam e acontecem por si. Hoje sei que não faço algo que não tenha mais a haver comigo, porque isso já não me faz sequer sentido. Porque não vou ser outra pessoa que não eu. E chega a ser caricato pensar que, durante tanto tempo, colocámos algo tão essencial em causa.
Com a mudança de pensamento / perspetiva, tudo se torna mais fácil: ter foco, ver oportunidades ou valorizar os pontos fortes.
Uma coisa é certa: o outcome (o resultado) só surge depois do shift interno (a mudança / resgate).
Hoje, posso dizer que os meus maiores desafios são vestir-me de mim mesma em áreas mais profundas e menos pragmáticas
O que procuras?
Ser, a cada dia que passa, cada vez mais eu. Se fizer do coração / intuição a minha bússola principal, sei que chegarei sempre a bom porto.
Já encontraste?
Vou encontrando, e cada vez (me) encontro mais, mas… It is a never ending process 😉
Já te arrependeste?
Arrependimento é uma coisa muito forte, mas sim.
Consigo sentir um certo arrependimento de ter feito coisas que não tinham nada a haver comigo, embora de forma inconsciente. Ainda, lamento não ter feito o shift mais cedo, mas também tenho consciência de que precisei de passar por algumas coisas para que ele pudesse acontecer.
Querida Ana Gui,
Mais uma vez, agradeço o convite que me fizeste. Foi um prazer partilhar um bocadinho sobre esta mudança que está a acontecer em mim, de dentro para fora. Espero que possa inspirar outras pessoas a fazê-lo, a procurarem ser a sua melhor versão, de forma a terem uma felicidade mais genuína e plena.
Para ti minha querida, muito sucesso nesta nova fase do teu blog, que ele espelhe, cada vez mais, a pessoa maravilhosa que és. Sabes bem que estarei deste lado, a apoiar-te no que precisares.
Beijos e….be happy, be bright, be you!
… speachless… obrigada Sofia!