Há livros que nos escolhem no momento certo. A Loja Coreana das Segundas Oportunidades foi um desses. Li-o com o coração aberto e terminei com a sensação de que algo em mim se tinha realinhado. Esta é a minha reflexão, ainda crua, ainda a ser digerida.
Um livro simples, mas profundamente humano
Acabei de ler A Loja Coreana das Segundas Oportunidades. Estou a dar-me algum tempo para digerir o livro. Gostei tanto dele, e estou a tentar perceber porquê, sobretudo tendo em conta que a sua escrita não é propriamente extraordinária ou fora de série. Pelo contrário, como já tinha mencionado, é uma escrita muito leve, sem grande pompa ou artifício. Talvez seja exatamente por isso que me tocou tanto: por ser mais simples, mais palpável, mais próxima de nós.
Uma personagem que nos convida à empatia
Gostei imenso da personagem principal. Vivemos na era do “eu”. Tudo muito centrado no individual: “eu posso”, “eu sinto”, “eu quero”, “eu tenho direitos”, “eu sou”, “eu tenho voz”. Estamos constantemente virados para dentro. Mas este protagonista, de forma muito subtil, parece revolucionar essa lógica. Ele convida-nos a sair de nós próprios e a olhar para o outro, convida-nos à empatia.
E o mais impressionante é que ele próprio teria mil e uma razões para se colocar na posição de vítima. Ainda assim, recusa esse lugar. Escolhe, em vez disso, compreender os outros. Foi isso que mais me tocou: este olhar generoso sobre o mundo e sobre as pessoas. É esse o olhar que todos devíamos cultivar.
O poder da perspectiva e da escuta
Também apreciei o facto de, muitas vezes, as suas atitudes não serem propriamente rudes, mas serem interpretadas como tal por quem lidava com ele. Isso mostra como, muitas vezes, vemos o mundo apenas pela nossa perspetiva e esquecemo-nos de considerar a do outro. Este protagonista ensinou-me isso: a importância de ampliar o nosso olhar.
É uma personagem paciente, humana, com uma capacidade rara de ver o outro com profundidade. E talvez tenha gostado tanto do livro porque esta forma de estar me fez pensar numa ideia que ouvi recentemente: quando erramos, devemos olhar para trás como se fosse pelo retrovisor do carro, só por uns segundos, apenas o suficiente para nos localizarmos, para termos uma noção geral. Não para nos martirizarmos com os erros, mas para nos reorientarmos e seguir em frente.
Aprender com o passado, viver no presente
Isso também se aplica à vida. Olhar para trás com lucidez, aprender com o erro, e depois seguir com clareza, sem repetir os mesmos caminhos. E o protagonista faz isso muito bem. Ele olha para o passado, reconhece o que não fez bem, mas concentra-se no que pode fazer a partir dali.
É curioso como, quando lemos algo ou ouvimos certas ideias, tudo se começa a relacionar dentro da nossa cabeça. As ligações vão-se formando de forma quase natural, influenciadas pela perspetiva com que olhamos para as coisas, ou pela importância que damos ao que vivemos. Por isso, é mesmo essencial termos cuidado com aquilo que escolhemos para alimentar a nossa mente.
Há histórias que, mesmo contadas com simplicidade, deixam marcas profundas. Esta foi uma delas. Que nunca nos falte a coragem de olhar o outro com mais empatia, e a humildade de usar o “retrovisor” só o tempo necessário para saber onde estamos… antes de continuar o caminho.
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